terça-feira, 14 de outubro de 2025

Crônicas de Tandanun — O Som da Agonia

A taverna estava tranquila naquela noite.
Luz baixa, poucas mesas ocupadas e instrumentos mágicos entoando uma melodia suave.
Mas a calmaria se despedaçou quando um homem desesperado atravessou a porta.

Ele parecia atônito. Cambaleou até o balcão, atraindo todos os olhares.
— Eles são horríveis... — balbuciou, quase sem voz.

O taverneiro, preocupado, serviu-lhe um copo d’água.
— Quem são eles? — perguntou, tentando entender o que o homem dizia.

Ele bebeu o copo de um só gole e respirou fundo, lutando para se acalmar.
— Três criaturas... enormes... surgiram no bosque.
— Eu e meu irmão estávamos caçando, e de repente elas estavam lá — altas, cobertas da cabeça aos pés por relvas, com olhos grandes e arregalados.

Sua voz começou a tremer.
— Antes que pudéssemos reagir, emitiram um som... um som agoniante...

Ele tapou os ouvidos, revivendo o terror.
— Soava dentro da minha cabeça...

De repente, ele gritou:
— NIIIIIIIIIIIIIIIIII!

A taverna inteira silenciou.
— Com muito esforço... consegui fugir... mas... — sua voz quebrou — meu irmão ficou lá.

Então, desabou em prantos.



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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Crônicas de Tandanun — O Amanhecer Vermelho

Subi a montanha como sempre fiz, passo após passo, sentindo o frio da madrugada rasgar o ar.
Do cume, a vista era divina — um espetáculo de cores nascendo com o sol.
Mas naquele dia, algo estava diferente.
Algumas árvores pareciam fora do lugar, como se a própria terra tivesse se movido durante a noite.

Aproximei-me da beira para averiguar... e então a vi.
Uma criatura magnífica emergia da cachoeira do vale abaixo.
Ergueu-se em voo, rompendo a névoa com um esplendor indescritível.

Suas escamas vermelhas refletiam a luz dourada do amanhecer, emitindo um brilho etéreo, quase sagrado.
Planava com asas majestosas, e com uma graça irreverente, seguia em direção ao sol nascente.

Fiquei paralisado, tomado por um fascínio que beirava o divino — quase despencando da montanha diante de tamanha beleza.
De onde veio? Voltará algum dia?
Não sei...
Mas desde então, todas as manhãs, espero por ela.
Pelo retorno do Dragão Vermelho.



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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Crônicas de Tandanun — Poeira ao vento

É, garoto...
Aproveite a vida. O tempo passa rápido demais.
Um dia você acorda jovem, cheio de energia.
Fecha os olhos por um instante — e o instante se foi.

Ah, eu aproveitei a vida, sim. E como aproveitei.
Mas tudo vai embora comigo: meus sonhos, meus feitos...
Como poeira ao vento.

Por isso, garoto, faça algo extraordinário.
Faça seu nome ultrapassar o eco do tempo.
Ou então tudo se perderá...
Como poeira ao vento.



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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Crônicas de Tandanun — Sombras à Beira do Lago

Eu não entraria aí se fosse vocês...

Por quê?!

Bom, sentem-se. A história é longa.

Esse vilarejo já foi repleto de alegria. Crianças brincavam por toda parte, havia prosperidade. Mas uma delas não brincava. Nascera com uma deformidade, e os outros não aceitavam sua presença. A mãe, que já havia perdido o companheiro em uma caçada misteriosa, criou o garoto sozinha. Trabalhando duro, suportava o peso do desprezo de todos.

Um dia, numa tarde ensolarada, o menino foi ao lago se refrescar. As outras crianças o cercaram, zombaram dele e não o deixaram ir embora. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu. Se o afogaram ou se, na tentativa de fugir, ele caiu e se perdeu nas águas.

O silêncio foi absoluto. Nenhuma criança contou a verdade.

A mãe, desesperada, chorou na beira do lago durante toda a noite, sozinha. Ninguém a ajudou a buscar o corpo do filho. Na manhã seguinte, ela voltou para casa... e nunca mais foi vista com vida. Dias depois, encontraram-na morta. Sua casa foi incendiada, e ela, cremada junto dela.

Desde então, tudo mudou. Uma a uma, as crianças começaram a desaparecer. Seus corpos eram encontrados boiando no lago. Logo, adultos e até animais também foram vítimas. O vilarejo esvaziou-se.

Uns dizem que é o menino deformado, clamando vingança. Outros juram que é a mãe, retornada das trevas para punir todos pelo descaso e pela crueldade.

Eu era apenas um órfão, vivendo nas ruas, sem para onde ir. Continuei aqui. E posso confirmar: todos que entram nesse vilarejo... nunca mais voltam.

Agora, vocês podem arriscar. Talvez descubram quem é o verdadeiro assombro que ronda estas terras.

De qualquer forma... boa sorte.

Ah! E não teriam algum alimento para compartilhar comigo, pela trágica história que acabo de lhes contar?



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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Crônicas de Tandanun — Etérea Melodia

Mais um despertar confuso. Já perdi as contas de quantos dias vagueio perdido nesta floresta.
A atmosfera etérea mantém o céu eternamente no limiar do anoitecer.
Não sei se adormeci ou simplesmente apaguei. Meu corpo pesa, minha mente gira em espirais de cansaço.

Então, um som rompe o silêncio: um cantarolar suave, ecoando de longe, como se a própria floresta murmurasse uma canção esquecida.
Uma voz angelical infiltra-se em meus ouvidos, tornando meu corpo leve, como se eu pudesse flutuar. Que sensação arrebatadora!

Minhas pernas, dotadas de vontade própria, seguem o som.
Quanto mais próxima a melodia, mais intensa a ânsia de conhecer a dona daquela voz divina.

E o encontro não tarda.

Sobre uma pedra polida no centro de um lago, uma mulher deslumbrante penteia seus cabelos com um pente de marfim.
Uma luz suave, descida do firmamento, envolve seu corpo nu, fazendo-o cintilar como uma joia viva.
Era a imagem da beleza, da divindade — e da perdição.

Ela me percebe, sorri e pisca, convidando-me ao seu encontro.
Minha mente, embalada por sua canção, já não me pertence.
Avanço lentamente, cada passo na água é uma punhalada gelada.

Entre o fascínio e o pavor, restou apenas aquele olhar... e aquele sorriso.

Que sorriso...
Aquele maldito sorriso!



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